quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Passeio Ciclístico

(03 de março de 2002 - baseado em fatos reais)



Era uma tarde de domingo como outra qualquer. Eu iria passar esse dia como passei muitos outros. Acordar tarde, comer qualquer coisa, ver um pouco de Faustão ou Gugu, ir dormir e dormir. Mas antes de ligar a televisão pintou outro programa. Minha tia (apenas um mês e seis dias mais velha que eu) propusera um passeio de bicicleta. Ela tem a dela, e eu estava com a bicicleta de meu irmão, que ficaria comigo por uns tempos. Tudo bem. "Vamos para o tal passeio. Onde?" Foi a indagação que surgiu. Minha tia sugeriu que fôssemos até o Parque Villa-Lobos, que não era tão longe, estávamos na Rua Fidalga, na Vila Madalena em São Paulo. Eu quase aceitei, mas relutei, e sugeri que fôssemos até o Jóquei Clube, o qual também não estava tão longe. Muito bem, depois de alguns minutos de discussão, consegui convencê-la de irmos ao Jóquei, ela gostara da idéia de atravessarmos a ponte sobre o rio Pinheiros.

Saímos da Rua Fidalga, entramos na Fradique Coutinho, seguindo em direção à Rebouças. Nesse trecho estávamos um pouco receosos quanto ao trânsito; principalmente eu, que não tinha o costume de andar de bicicleta pela cidade, ainda mais em local de trânsito intenso. Quando chegamos na Rebouças o receio já não era tão grande, talvez porque agora íamos pela calçada ou porque carros só haviam uns poucos passando naquele horário. Fomos até a ponte andando livremente, mas com cuidado. Atravessamos a ponte (no local há duas, fomos pela mais baixa). Confesso que a adrenalina subiu nesse trecho. Víamos o rio lá em baixo. Sujo, mas estava lá. A altura, a paisagem, a calçada estreita por onde tínhamos que passar, e dividir caminho com os poucos pedestres, tudo era diferente naquele dia. Do outro lado da ponte, um sentimento de vitória. Um sentimento de conquista.

Passada a ponte e o sentimento de vitória chegamos até a rua que nos levaria ao Jóquei Clube. Não me lembro do nome dessa rua, mas explico: logo após a ponte há um prédio bem alto do lado esquerdo no sentido em que vínhamos. Após esse prédio, a primeira rua a esquerda é a que estou falando. Pois bem, entramos na tal rua, e atravessamos para seu lado esquerdo, logo após a passagem subterrânea que há nela na mesma direção. Desse lado a rua estava totalmente deserta, e ainda havia uma calçada bem larga, por onde decidimos passar. Eu estava indo na frente, vendo a rua e a larga calçada vazias resolvi "acelerar" um pouco mais. Pedalei mais forte e tomei a dianteira. Andado uns 100 metros a uns 20 Km/h eu tirei as duas mãos do guidão, confiando em minha vasta experiência com bicicletas. Sem as mãos eu olhei para trás, para ver aonde vinha minha tia, nesse segundo apareceu um buraco e VAPT!!! O pneu dianteiro caindo no buraco virou totalmente e eu perdi o equilíbrio. Fui lançado ao chão, caindo com o queixo e o joelho direito naquela calçada áspera. Foi tudo muito rápido. Não tive tempo nem de assimilar o que estava acontecendo. Estava sem as mãos, me virando para trás para ver minha tia, e de repente senti um forte impacto no queixo e no joelho. Quando me dei conta da situação a primeira coisa que pensei foi: "Merda!". Não senti dor alguma. Tentei me levantar e vi que a bicicleta estava sobre mim, e que minhas pernas estavam praticamente entrelaçadas com a magrela. Fiquei lá caído de bruços. Minha tia se aproximou, um pouco querendo rir, um pouco preocupada. Eu fiquei lá por uns 30 segundos, e minha tia me olhando. Não fiz nem menção de me levantar, ou de me esforçar para tirar a bicicleta de cima. Se minha tia não tivesse tomado a iniciativa de me ajudar eu estaria lá até agora. Ela segurou a bicicleta e pude ouvir: "Levanta as pernas!". Eu obedeci. Obedeci pela metade. Consegui levantar só a perna esquerda. A outra ficou estirada. E minha tia levantou a bicicleta assim mesmo. Depois de já estar sem a bicicleta por cima de mim, ainda fiquei por mais alguns segundos sentindo o gostinho de acidentado no local do acidente.

Quando finalmente resolvi me levantar senti um incômodo no joelho direito, o qual eu havia apoiado na hora do tombo. Voltei meu olhar para ele, e constatei que havia me ferido. Estava bem ralado e sangrando. Não pude evitar de pensar: "Merda!". Mexi um pouco as pernas, balancei-as e não senti dor alguma. Somente sangrava. Estava ciente da ferida no joelho, quando senti algo escorrendo no queixo. Levei a mão até o local, e vi em minhas mãos mais sangue. Machuquei o queixo também. Virei-me para minha tia, que ainda estava um pouco assustada pela queda, quando viu meu joelho exclamou: "Vixe! Machucou o joelho!". Eu não pude evitar, concordei soltando outro "Merda!". Admirou um pouco aquele meu novo companheiro e reparou em meu queixo, exclamando: "Nossa! Machucou o queixo também". Não deu outra, respondi um punhado de "Merda!".

Nesse momento eu estava mais nervoso do que acidentando, só pensava em merda. E minha tia que mesmo assustada conseguia realmente pensar, sugeriu que eu tirasse a camiseta e a colocasse no queixo, para estancar o sangue. Fiz isso. Voltamos a pé, levando as bicicletas que antes nos levavam, e ainda fui ao Hospital das Clínicas aguardar mais de três horas para poder levar três pontinhos no queixo e fazer curativos no joelho.

Não foi bem assim que havia imaginado esse domingo, mas pelo menos aprendi algo. Aprendi que naquela rua próximo ao Jóquei Clube tem um buraco bem grande que deve ser lembrado num passeio ciclístico.


;-)

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Desculpa, mas só consigo rir da situação...
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Ainda bem que tem uma tia pra ajudar né? ja pensou se ela não estivesse naquele exato local???
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Bem, só agradeça a Deus por não ter sido algo mais sério... Ahhh. e não fale tanta "merda", é feio!!! Abraço

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  2. Eu também só posso rir da lembrança. Obrigado.

    Em relação aos "merdas" no meu caso é normal. Pois no teatro é normal dizermos merda pra trazer boa sorte. Mas no caso da situação foi mais pra desabafar porque não tive sorte nenhuma... rsrs

    Abração.

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  3. Pois é... Sei sobre essas "merdas" pois dancei ballet durante uns anos e antes dos festivais todos tmb falavam, quer dizer, eu achava feio... Mas relaxa chuchu ... kkk Serviu pra me fazer rir da situação.

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  4. Melhor do que assistir "Domingão do Faustão."
    Abraço.

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